segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tontura





Tontura


Subi num edifício fictício
Existente no meio do deserto inóspito
E escalando suas paredes
Como que escorregando para cima
E lá no alto me senti na beira de um precipício
Neste interim, me deparo com você!

Tontura, de mãos dadas com o medo
E mesmo enxergando pequenas formigas
Na calçada onde meu corpo pode vir a se espatifar
Caindo com uma velocidade absurda calculada pelos que tudo explicam
Mas nada entendem

E à medida que antevejo minha queda
As formigas aumentam de tamanho
E o tempo pára...
Fechei os olhos para não cair!


BETO CAMPOS 18/04/2011

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Barulhos, surdos e absurdos


Barulhos, surdos e absurdos




No meio da noite um grito,
e ninguém se mexe.
Não vi coisa alguma, ninguém me viu,
ninguém percebe.
A lua é testemunha, mas não fala.
E muda, se cala.
Quem falará por mim?
Eu que pensei ter ouvido vozes,
ando como um zumbi.
Tropeço num gato de porcelana,
que, com o toque, se espatifa no chão,
sem emitir som algum.
E internamente escuto outro grito, agora interminável,
que povoa minha cabeça.
E me impele a debruçar na janela,
para olhar para o nada,
da escuridão dos becos.
E ouvir o nada,
do silêncio dos ecos.
Será que morri?
E é assim meu pesadelo,
será que ouvi?
Ou este é um devaneio,
que antecipa catástrofes.
Delírio de quem está na fronteira da morte,
e luta por um sinal vital,
desesperadamente irracional.
É virtualmente impossível este silêncio barulhento.


BETO CAMPOS – DEZ 2010

segunda-feira, 22 de março de 2010

Antes de você chegar









Antes de você chegar



Antes de você chegar

Eu já sinto o seu perfume

E visualizo o seu sorriso

Desisto do resto do mundo

Para ver o brilho do seu olhar

E a vida segue indelével

Tudo o mais é conseqüência

De tanto querer

Outro dia fiz um teste:

Desejei a sua presença e você apareceu

E comecei a acreditar que tenho o poder

De fazê-la aparecer e sorrir

Linda e afável

E antes que você chegue onde eu possa vê-la

Designarei meu cãozinho invisível para protegê-la

E meu cãozinho invisível estará como eu

Totalmente concentrado em você.


BETO CAMPOS 2006

domingo, 21 de março de 2010

EFÊMEROS - (Para um avô dedicado)




Efêmeros ( Para um avô dedicado)

Certo de que meus dias mínguam

Rodopio sem cessar

Numa dança frenética

Ouvindo uma música que não quer parar

Se fôssemos eternos

Não vacilaria em deitar olhando para o céu

Para ver o vôo das gaivotas

Filosofaria sobre obscenidades e verdades

Visitaria outras mil cidades

Amaria com sofreguidão

Sorriria à toa como sempre

E a única diferença será

Que amanhã eu estarei aqui de novo

A me lembrar que vou durar até não sei quando

Mas não é bem assim ....infelizmente.........

Somos efêmeros como nuvens

Frágeis como borboletas

E não sabemos como será o amanhã

De repente, chega um aviso fatídico

E escolherei para quem darei meu último sorriso

Ou será que não haverá tempo para isso?

Faço, então que todos os meus dias

Sejam como se fossem os últimos

Sou intenso!

segunda-feira, 15 de março de 2010

VEGANA





VEGANA


Maria, o que você faria?

Se eu dissesse que te traí

Com aquela vegana sensual

Que me ofereceu um suflê de legumes,

E depois de um soberbo suco de abacaxi

Veio o amor, sem igual....

Maria, que dia!, que dia!, que dia!

Não sei se te digo que gostei da vegana

Ou se despisto dizendo que você é quem faz mais

Comida e amor sensacional!

Maria, não liga para esta alucinação

Não existe comida e amor

Como você faz, não

Não existe sabor sem você,

É tudo enganação

Mas a cigana, Maria

Não me deixou pensar

Me inebriou com seu olhar dissimulado

Eu juro que eu queria

Olhar para o outro lado

Mas, não deu, não deu, não deu

E fiz o que fiz

Comi comida vegetariana

A base de soja

Não goza, não goza, não goza

Da minha cara não

A base de soja, de soja, de soja

A carne tem gosto de feijão

Sem o seu sabor de sedução

Maria, o que você faria?



BETO CAMPOS – 2009

DIVAGANDO





Divagando (My Way ao fundo)


Para todos um grande abraço, por nada...nada!

Vale só pelo abraço e pelo querer

Uma vez que se queira tanto viver

É mister que se queira que todos desejem o mesmo

Porque há dias em que o desejo não é tão forte

E duela tenazmente com a morte

E a lembrança de todos e dos que se foram

Nós agiganta e traz-nos a lucidez necessária

Para nos atermos aos nossos amores tantos

Amigos, parentes, irmãos e colegas sem fim

Necessário se faz que o desinteresse impere

E que sintamos um prazer indescritível

Em darmos algo, por nada !!

Não vale festas ou algo assim

Abracemos todos em pensamento

E que só a lembrança nós faça sorrir....

Um mundo para se viver é o que está aí

Então está combinado

Um abraço por nada será a senha

Para vocês entenderem a falta que fazem..........

Vocês e os que se foram por tão bem que nós marcaram....


BETO CAMPOS 11/03/2008

VOLÁTIL

Sem querer

Acompanho o tempo, o tempo todo

E não há um instante em que não me surpreenda

Ele passa tão velozmente, embora não pareça

O tempo é um engodo, um engodo !!!

Devagar ele anda rápido, ó Deus que ódio !!!

Fui enganado, eu com minhas rugas

Minha memória só fixa rostos

Como é seu nome ??

Quem é você?

Este rosto bonito eu já o vi

Em uma esquina de minha vida

Você ainda era uma menina

Como é seu nome ? , como é mesmo ?

O tempo, de mim tudo rouba

Haverá um fim, haverá sim

Partirei para um outro mundo

Com seu rosto deletado

Porque o fim da vida

É o desplugar da tomada

O que torna volátil a memória

Então faço de conta que a terei sempre comigo

Embora não lembre seu nome

Que deve ser bem bonito e marcante

Embora esquecível, infelizmente

Mas sinto você presente

Mentalmente..

BETO CAMPOS 2008